sábado, 17 de julho de 2010

Pra que? é só olhar para trás.

E devolver a amargura, amortecer o impacto.

Hoje sei que vi teu olhos nos olhos dele, talvez porque o tom seja o mesmo, um azul envolvente, com um quê de serenidade. Azul que te rendeu um certo sucesso entre os garotos do bairro, nós riamos deles, lembro das declarações, todas efêmeras, quase dispensáveis. Foram tempos de risadas, de acordar e ver o teu sorriso misturado com a luz do sol, jogos de tabuleiro, férias intermináveis e de um verão que durava o ano inteiro. Talvez fosse só felicidade.
Lembro da proximidade da nossa infância, e do jeito que você me deixava fora dos teus problemas. Lembro também da nostalgia de dois fins de semana atrás, das histórias que nós narrávamos em voz alta, completando as falas uma da outra, trocando olhares, notando em silêncio que as lacunas que o tempo deixou não podem ser preenchidas.
Sei que aquele dia meus olhos te contaram da minha saudade, e os teus me disseram que tu me entendia, que já não me conhecia, e também que você sabia que o sentimento era recíproco. Talvez se nós tivéssemos nos esforçado um pouco mais pra manter tudo aquilo, tu não teria se perdido no delineador dos meus olhos e na rebeldia da minha pré-adolescência, e eu não teria me escondido atrás dos teus casos e da tua busca eterna pela aceitação alheia.

Queria poder falar da tua presença e não da tua ausência, hoje. Mas não tem jeito, é assim. Pra ti dedico minhas palavras nostálgicas e todas essas lembranças ensolaradas.


Obrigada, G.
Por ser o que hoje eu tenho orgulho de chamar de família.

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