sábado, 31 de dezembro de 2011

fly with me.

there's a whole sky to see.

o mundo não vai ser mais doce amanhã, isso é bem verdade. os dias não vão passar mais devagar, nem mais rápido. o sol vai nascer e ser pôr. nós ainda vamos sentir saudades do mar e ainda vamos olhar para o céu todas as manhãs e nos perguntar se temos realmente uma missão pra cumprir na vida. você e eu continuaremos respirando arte, como ela se fosse o oxigênio que enche nossos pulmões. e eu espero sinceramente que isso nunca deixe de ser verdade.
eu ando pensando em você mais do que eu achei que fosse possível pra uma pessoa só. já vai amanhecer, eu não sei muito mais o que fazer por aqui sem você por perto. acho que as risadas que eu guardo o dia todo pra dividir contigo no fim da tarde andam me fazendo alguma falta. ou o jeito como você fala do mundo, e de como é bonito vê-lo. eu sinto falta de não ter nada a perder, preciso entender como é que as coisas funcionam fora daqui. eu preciso ver como o sol nasce dai, da tua janela. e a intensidade com que ele toca a sua pele.
andar com os pés no chão e com a cabeça nas nuvens. sentir a tua pele quente e saber que ela é real. te deixar encontrar o meu mundo, e nele, rir das minhas trapalhadas habituais e meus medos bobos de menina da cidade. eu preciso fugir. não de você. dessa realidade que atrela meus sonhos ao impossível. deixar toda essa guerra de jogos psicológicos pra trás. dividir os meus ideais com alguém que os entende perfeitamente.  
acontece que eu me dei conta de que o mundo é grande, e de quanto dele eu perco sem você por perto. mas amanhã eu ainda preciso me levantar de manhã e me dar conta de que as coisas não são mais doces e que nunca vão ser.






quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

maresia.


só preciso de mais um tempo. lavar o rosto, recobrar o juízo.
preciso de mais um pouco de confiança. deixar esse amargo de lado, rir um pouco da vida. preciso de praia, de mar. sentir o vento bater gelado no meu rosto, e o sol quente sob a minha cabeça. preciso sentir as pernas cansadas e as bochechas coradas no fim da tarde.
preciso de carinho. de você paciente, despreocupado, com os pés na areia e os olhos nos meus. cheirando a cerveja, água salgada e a chiclete de tutti-frutti. com um sorriso no rosto, daqueles que deixam as tuas covinhas à mostra e a gente babando.
preciso compartilhar. ouvir risadas quando acordar e fazer gracinhas antes de dormir. preciso ver meus amigos com o rosto queimado de sol e os cabelos molhados, sorrindo enquanto jogam água uns nos outros. de shortinho e snorkel, branquelos, fazendo cara de turista e tirando foto de tudo.
preciso do simples. preciso de um guarda-sol grande, uma caixa de isopor com cerveja gelada, meia-dúzia de toalhas jogadas na areia, uma porção de coqueiros, cadeiras de praia, crianças correndo e cheiro de protetor solar.
preciso lavar a alma. preciso.        

sexta-feira, 7 de outubro de 2011




eu não sei contar histórias.
do mesmo jeito que eu ando contando os dias pra esfriar essa tua cabeça quente, desacelerar os teus passos. eu não sei se já citei mentalmente quotes aleatórias do clube da luta o suficiente pra me convencer de que o único ser humano em quem eu posso me perder é em mim mesma. fingir mais um pouco, só mais um pouquinho, que o motivo pelo qual meu rosto se enche de lágrimas não saiu da sua boca. eu não sei contar histórias, do mesmo jeito que eu não sei pra quê servem ou como funcionam os números binários. não sei e não as conto. como já diria minha avó, eu nasci com os pés amarrados firmes numa rocha. pregada numa realidade cruel e monocromática. num grande pedaço de granito, irregular quanto ao seu formado e de um tom de cinza bem escuro. a vida acaba. um minuto por vez. um passo por vez. e você sente sede de fazer, de beber, de ganhar, de amar, de correr, de experimentar, de viajar, de consumir, de comer, de trepar, de sorrir, de cantar e ainda de se lembrar de tudo no dia seguinte. você tem sede de viver. tem pressa de ter pressa. passa pelas coisas sem ver. não lembra de rostos, nem de nomes, nem árvores e nem daquela vez em que eu te pedi pra se lembrar de mim. a vida passa e você vai passando junto, acelerado. eu fico para trás, sonhando em te alcançar dentre os meus saltos e minhas piruetas. me acelerando, me programando, me organizando. eu, que nem olhar as horas sei que é pra não viver rápido demais, que saio por aí sem ter dinheiro e lugar pra ir e ainda assim me sentindo confortável. eu, que de tão apegada a detalhes que sou, conheço cada mancha do teto do teu quarto. eu. que ainda acredito que entre um minuto e outro nós podemos viver uma eternidade. eu vou atrás de você. sonhando em te ensinar que nem todo beija-flor morre se parar de bater as asas.

copy of a copy of a copy

fico desconfortável por me sentir esvaziado de mim mesmo, eu me sinto insuficiente em todos os gestos, em todas as palavras. outro dia estava ouvindo os hermanos de um jeito que fazia tempo que não escutava quando avistei da minha janela o amor esparramado na calçada de casa. beijei seus joelhos e disse que amores e amoras não crescem por aqui - é o clima frio, seu e da cidade. saí pelas ruas. saí com as pessoas tropeçando em mim, procurando calores que suprissem minha falta de um agasalho. veja bem, o agasalho é só uma metáfora. o acaso de alguns sorrisos seria suficiente, ou então esbarrar com aquela garota de sábado passado que agora estava com um corte de cabelo novo. algumas conversas aleatórias, algumas mentiras contadas e volto pra casa. deito-me ao seu lado e fico igual meu criado: mudo. você é engolida pela cama aos poucos e logo desaparece. acendo um incenso pra disfarçar seu cheiro e medito sobre o sentimento desgarrado, sobre a falta e sobre meu contentamento descontente. aquele dia não amanheceu. agora você aparece de quando em quando pra perguntar como estou, e eu sempre tenho duas respostas, coisa de dualismo psicofísico: nós somos sempre dois. nunca pensei que o coração se contentaria e que a cabeça fosse ficar sem entender nada. é tão mais difícil convencer minha cabeça. a casa sem você vai desabando aos poucos - se não existe lógica, então as coisas fora de lugar devem fazer muito mais sentido. e fazem. 


me fez sorrir de um jeito diferente. de um jeito que vem me fazendo falta há um tempo. só sorrir. sabe? sorriso de compreensão. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Porque no fim,

a linha da vida é só mais uma linha.

apago todas as luzes. fecho todas as portas, janelas, cortinas. talvez por mera compulsão. bateu saudade daquele velho disco dos beatles. bateu saudade foi de você.
abro aquele álbum de fotos pra procurar por lembranças tuas. encontro uma única foto, tu sorria enquanto eu me aconchegava no teu colo. tinha esquecido o quanto o teu sorriso era bonito. daqueles cativantes, que deixam os olhos apertadinhos e as bochechas enrugadas.
nem sei o quanto eu já quis te encontrar, te abraçar de novo, deitar no teu colo, me lembrar do cheiro de infância que tu tinha. juro que já nem sei quantas vezes tentei chegar até você ou quantas das minhas cicatrizes foram resultado da tua partida.
agora, tarde que é, depois de tantas falhas, faço o máximo pra retardar a data do nosso encontro. sei que tardarei a chegar, não me espere, tardarei a te abraçar novamente. ou pelo menos espero tardar, espero como nunca esperei nada antes.
mesmo que a vida tente arduamente me escapar. mas ela não vai. ela há de ficar.
saiba levo um pouquinho de ti comigo, por todas essas ruas tortas. como já disse lobão naquele verso, como é mesmo?
'vou te levar pra onde eu for'.
e eu com certeza irei.

a vida há de passar, minha filha, ela há de passar rápido e me explique por que diabos nós haveríamos de passar com ela, minha querida?  'nós permaneceremos intactos, que é para continuarmos juntos'.

sábado, 30 de julho de 2011

I really do there's no one else like you.

Mas se nesse alguém não couber o gosto pelo caos, meu amor, pelas manhãs cinzas dessa cidade. Ou se nele não houver um espacinho para um rock chiclete e pra um bom samba. Se ele não ficar mudo quando acorda, ou se ele não fumar com o cigarro no cantinho da boca. Ou por acaso não souber de cór aquela canção dos mutantes. Se for menos pontual, ou precisar de mais de 3 adjetivos pra se expressar. Se preferir o superman ao cavaleiro das trevas. Ou se achar que vinis só acumulam poeira, meu bem. Se não tiver teu humor ácido, ou tua sinceridade agressiva. Preferir o interior à cidade. Pular as faixas de sgt. peppers. E se não tiver gosto pela noite e por bares. Se não falar durante os filmes. E se nele não houver espaço pra longos abraços e paredes coloridas de stencil. Se não for hiperativo, e se o coração não bater tão forte e acelerado quanto o seu. Ou se não tiver cheiro de buballoo de tutti-frutti. E se não usar camisetas de personagens de desenho. Ou talvez se não fizer piada com tudo que vê, o tempo todo. E não for fã de terror trash, ou se não pender à piromania. E se preferir taças à canecas. Se perder toda ou qualquer uma dessas características, se não tiver os teus defeitos, as tuas loucuras.Se não tiver o teu sorriso e o teu coração. Se não for você, inteiro, não tem graça.

rascunho do dia 17/03/2011.

domingo, 26 de junho de 2011

Hold on to your heart cause I'm coming to take it.

O tempo passa rápido demais. Tudo passa por você de um jeito meio assustador, eu sei.  As histórias distorcidas dos teus antigos amigos te magoam mais agora, eu entendo. Veludo é aconchegante e resistente, mas o seu peso torna a lavagem um tanto quanto difícil, não é?
E teu coração é veludo, é veludo azul, daqueles que resistem a tempos difíceis melhor do que o meu algodão. Algodão é fresco e flexível mas amassa com facilidade. E rasga ainda mais fácil. Veludo é feito com seda, é tecido nobre.
Eu não sei se tu faz alguma ideia do que eu estou te dizendo. Mas eles vão dizer, vão sempre dizer. Vão sempre lembrar das tuas gargalhadas exageradas, e de como ficava facilmente de porre. E olha, se você quer saber, a beleza sempre foi essa. As pessoas não absorvem a beleza do que elas não podem ter. E você tinha uma coisa que eles não tinham, meu bem. Você arrasta esse veludo azul por onde quer que você vá, o escancara de uma maneira tão bonita, e ele brilha tanto, que algumas pessoas tendem a não saber como lidar com tamanha luz.
Eu sei, minha querida, que é difícil de entender que nem todas as pessoas carregam um coração com tanta força. Um músculo forte como seu deveria ser item obrigatório, não é mesmo? Piedoso também, muito piedoso. E puro, tão puro e claro quanto água. Marcado, agulha e linha sempre deixam marcas. Até mesmo em um tecido tão bonito quanto o veludo. O seu veludo.
O meu algodão ainda sonha em ser veludo. Mas algodão é simples demais pra ser tecido de festa. Nós sonhamos. Sonhamos em conseguir um dia chegar a ter um coração tão bonito, tão escancarado e brilhante quanto o seu. 
Eles falam, as meias verdades parecem aceitáveis. Teu coração tem essa trama complicada, trama que os poliésteres não entendem. Sintéticos. Patéticos. Orgânicos, como você, tem tanta beleza pra mostrar ao mundo, menina. Tanta. Você deveria se concentrar nisso. Em mostrar o brilho desse músculo que você carrega pendurado no pescoço para as pessoas. E com muito mais orgulho. Orgulho do tecido nobre que você ganhou.

Hold on to your heart cause I'm coming to take it
Hold on to your heart cause I'm coming to break it.



Indireta, das mais claras, para a rafa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Well they won't catch me and you.

O tempo passa, os números aumentam, a minha paciência perde força.
De complacente o nosso amigo relógio não tem nem as palavras, o tiquetaquear dos ponteiros gritam que amanhã nós não seremos nem um dia mais novos, pelo contrário.
E quem encontrar o teu sangue nas paredes não vai chorar pela tua alma.
Vai caçar a minha.


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cada olhar que eu te der,

é uma jura de amor eterno.



Roubar um pedaço de ti, pra compartilhar de todos esses momentos, alimentar essa minha paixão por lembranças. Não satisfeita com as minhas, eu quero as tuas, os teus pequenos lapsos de felicidade, e o conforto de não te conhecer totalmente, essa distancia física e moral dá a essa gana de ter uma pequena parte de você comigo uma bela pitada de aventura. Sem contar aquele pedacinho pequeno de mim que esconde essa paixonite por você e pelo tom gostoso e despreocupado que você dá a cada uma de nossas conversas, revelando uma parte qualquer da sua vida, significativa ou não, essa parte de você me distrairá pelos próximos dias, até que você possa encher a minha mente com mais uma avalanche de ideias. Ah, ela se sentiria mais do que satisfeita com um pedaço teu.
Pra se afogar na tua ilusão de liberdade, e se perder nas tuas explicações homéricas sobre o mundo, e nas tuas manias de garoto suburbano. E gostar, de cada pedaço.

sexta-feira, 18 de março de 2011

 

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Self destruction.

Jogue seu coração fora.
Um pouco das tuas vísceras também.
É, em qualquer uma dessas ruas escuras. Arranque de você tudo que possa te fazer pensar duas vezes antes de correr qualquer risco. Tire de você qualquer traço de tristeza também, me disseram que isso é luxo, e nós não temos tempo pra isso, de qualquer jeito.
Tire suas roupas também. Você fica linda sem elas, eu tenho que te dizer. Eu e você celebraremos isso em um beco qualquer, mais tarde. Escolha um desses copos, aliás, escolha também abdicar de tudo que você sente ou já sentiu.
Você se sente anestesiada, agora.
Aquele formigamento gostoso, te dá vontade de rir sem parar, não dá? É como se tuas pernas não fossem aguentar o peso do teu corpo enquanto você tenta andar desengonçada. Então você se senta em qualquer lugar, e tudo fica colorido. E feliz.
Ah, como o gosto da felicidade é doce. Mesmo sintético, é doce. Doce como nenhuma das porcarias feitas de chocolate e açúcar que você compra nessas vendas infestadas de baratas. 
É um doce diferente, é um doce com gosto de esquecimento. É a tua amnésia temporária e esporádica, o teu controle sob ti mesma.
Só mais alguns instantes de veneno.
O final é o mais gostoso. É quando você fica na linha entre o que você realmente vê, e o que você acha que está vendo. A confusão aqui chega a ser mais gostosa que os planos que você tem pra mais tarde comigo, não é? Talvez o melhor dos nossos planos seja o som da tua risada, acho que é o som mais verdadeiro que eu já ouvi nos últimos anos. Aliás, você é a coisa mais verdadeira que eu encontrei nos últimos anos. Apesar da personalidade densa.
E misteriosa.
Desculpe por esquecer dessa parte, falha minha. Misteriosa. Puta que pariu, como você é misteriosa. E é linda. O maior problema que já tive. Tão acostumada com a sujeira desse jogo. Eu ainda descubro de onde você tira tanto encanto. Eu ainda descubro. Juro.
She said paint a picture on me, Throw your dress up and your heart away.

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Você entende, não é?

“Sempre foi assim tão compreensiva. É uma das suas maiores virtudes, sabia? É tão bonito te ver entender que não pode ser sempre o centro das atenções, que não pode ter sempre o que quer, que não pode fazer tudo que sonha. É fascinante o jeito como você abdica das coisas, ou jeito como você entende os motivos das pessoas. Eu realmente te admiro por isso, pela tua coragem de não se importar com o que fazem em relação a você.”

Pois eu não. E sobre não me importar, você está completamente enganada.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eu não passo de uma droga que faz as pessoas se viciarem em aventuras impulsivas. Em viagens para esquecer do trabalho e dos problemas familiares. Eu sou a mesa de um boteco com várias garrafas vazias e apenas uma cheia, com mais copos do que pessoas sentadas em volta. Lembram de mim quando se desrespeita autoridades, e quando causam dor intencional em alguém, quando não se deixa barato um insulto, e quando se gosta de desafio. Quando sua missão diária é fazer alguém rir e descobrir que o mundo é uma grande piada. Bruto, seco, sarcástico, nerd, grosso, irônico, cafajeste, engraçado, beberrão, briguento, pervertido. Uma grande pessoa, com personalidade duvidosa’
Billy Bitter por Billy Bitter.
Difícil achar tanta sinceridade em um texto. Difícil mesmo é não saber quem é o autor.
Nunca demorei tanto tempo pra escrever sobre alguém, talvez porque eu nunca tive tanto pra dizer sobre alguém. Nunca encontrei alguém que me deixasse tão confusa. Como você mesmo disse, nos dias em que as suas mãos estão mais sujas de sangue, nós nos encontramos e você acaba sorrindo enquanto eu deito no teu colo e digo qualquer besteira.
Ninguém nunca me confundiu de um jeito tão incrível, entende? Incrível porque eu gosto principalmente das partes de você que tu considera defeitos, da verdade absoluta que você chama de opinião, dos teus comentários ácidos, dos teus momentos ranzinzas, daquela tua visão deturpada e caótica do mundo, extremamente verdadeira, se quer saber a minha opinião. Muito mais verdadeira do que aquela água com açúcar que as pessoas inventam pra confortar a si mesmas. Da tua segurança exagerada que convence qualquer um de que você é confiável.
Eu nunca me senti segura ao lado de ninguém, e contigo isso acontece. Logo você, a pessoa mais controversa que eu já conheci. Tá aí, acho que encontrei algo mais irônico do que a nossa relação. O cara bruto, e a menininha indefesa. Somos quase um clichê de cinema, que na vida real dificilmente daria certo.
Acontece que tu me viciou na tua própria aventura impulsiva, e eu me acostumei com a tua presença, e com as tuas bobagens, com a tua voz e com o teu cheiro. A tua personalidade briguenta e rude não chega a mim como chega aos outros. Talvez porque eu goste dela.
Talvez porque eu goste de você. Assim, só talvez.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A song for sadness.

Quartos de hotel, cinzas pelo chão, garrafas vazias, sujeira. É tudo que te restou.
Você foge, todos os dias, de cidade em cidade. Foge das tuas lembranças, dos teus complexos, você finge que os deixa pra trás. Os deixa em cada cama que te acolhe, em cada ser que perde um tempo contigo. Você substitui os fantasmas do teu passado por novas aventuras passageiras.
Ela nunca te esqueceu, posso te dizer isso com toda certeza.  Ela ainda pensa em você toda a vez que a chuva toca a sua pele. Ela sente o teu cheiro, ela se arrepende de não ter te amado mais, de não ter se entregado mais. Sente a sua falta, se enche de planos pra te encontrar, jeitos infalíveis de ter de volta, completamente passíveis de erro. Se você pudesse tê-la aos teus pés de novo, você voltaria? Você voltaria por ela? Voltaria pelas noites sem luar entre os becos do centro da cidade, pela respiração ofegante dela no escuro do teu antigo quarto?
Eu sei que você ainda se pega lendo aquele papel onde ela escreveu uma porção de palavras, todas sem nexo algum, uma bela porção de porcarias. Porcarias escritas com a letra dela. Porcarias escritas pela única pessoa que um dia te amou. E te amou de verdade.
Você não voltaria. E nem vai voltar. Nem por ela, e nem por ninguém. Você é tudo que te importa.
E ela continua a te esperar...
Aquele momento esquisito em que você nota que decepcionou as pessoas que se importam com você e não as que não se importam.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Relutando em dividir.

Eu nunca tive apoio, entende? Eu nunca tive colo de mãe, nem pai super-herói.
Nem fui acordada com beijos, ou com café-da-manhã pronto na mesa. Aliás, eu nunca sentei numa mesa e conversei horas com os meus pais, eu não tenho intimidade suficiente pra dizer pra minha mãe que, por exemplo, eu estou pegando o gatinho da casa ao lado. Ou pra dizer qualquer outra banalidade da minha vida. Meu pai nem sempre foi legal e divertido, e continua não sendo, as vezes.
Não que eu tenha sido uma criança carente, nem nada assim. Nunca me faltaram video games e bonecas caras, bicicletas e doces de todos os tipos. Presentes, eu sempre tive, com ou sem ocasião. O que faltou, foi a presença dos meus pais, nas reuniões da escola, nas minhas festas de aniversário, nas manhãs de natal. Nunca me faltou dinheiro da mesada, faltou foi interesse em saber no que era gasto todo o dinheiro que eu ganhava. O que se você quer saber, me casou alguns problemas na pré-adolescência. Minha casa nunca foi um lar, nunca foi o lugar para o qual eu gostasse de voltar, nunca foi um lugar que me fizesse querer voltar. Eu nunca tive alguém que me dissesse o que é certo e o que é errado, essas descobertas eu tive que fazer sozinha.
Não é sempre que digo isso, eu não gosto de contar essa história pra qualquer pessoa, eu não suporto que lamentem pela minha infância, e por mim, até hoje. Acreditem, eu fui feliz, não que eu não precisasse disso. É que depois de um tempo, você aprende a conviver com os problemas que não podem ser resolvidos, sabe? Até mesmo uma criança entende esse tipo de coisa, eu entendi.
Eu acho que tu já entendeu porque eu queria te contar essas coisas, pra você deixar de reclamar dos pais que te querem bem, e que estão sempre presentes, que te apontam a direção, e que te dão toda a liberdade pra ser quem você bem entender, que respeitam a tua opinião, e que inclusive a levam sempre em conta. Eu só queria que tu entendesse o quanto é importante que você dê valor a isso.
Faz a diferença, sério. Faz toda a diferença quando você entende.

A arte de ser piegas na mesma época todos os anos.

Acontece que eu preciso te dizer o tamanho da importância que a tua presença faz na minha vida. E bom, tu sabe que eu não sou lá muito boa em fazer isso nas outras épocas do ano, - exceto quando estamos bêbadas, dai tudo fica bem mais fácil –. Não que seja difícil de dizer o que eu sinto por você. Porque não é. É inclusive, bem fácil de te dizer que você foi e ainda é, muitas vezes, tudo que eu tenho. Seja nos metrôs lotados, nos shows com 50 mil pessoas, ou naqueles em que parece que nós constituimos a platéia toda, em mesas de bar, ou nas calçadas em frente à eles, e porra, nas vezes em que dormimos na mesma cama e você fez questão de puxar todo o edredon, haha. E as noites sem dormir, naquelas em que nós dividiamos as origens da nossa personalidade, e aqueles acontecimentos que formaram nosso caráter. Noites essas que dividimos lágrimas também sempre seguidas de gargalhadas, disso tenho certeza.
Dizem que o sentimento de estar em casa, é quando você encontra alguém com quem você se sinta a vontade em todos os momentos, e se é assim, eu estou em casa sempre que te encontro. E isso é tão fácil de dizer, sabe? Eu não tenho medo,  de dizer que porra, Rafaela, você é a minha casa. Você, a minha fucking melhor amiga, a melhor coisa que me aconteceu em 2008. E infelizmente continua me acontecendo todo esse tempo. E seja lá qual for o caminho que nós escolheremos, isso não vai mudar. Ou pra ser mais mais clara, em Brasília ou em São Paulo, o meu copo de cerveja pode ser seu sempre que você quiser.

Feliz aniversário, Rafinha. Que seus 17 anos sejam gentis contigo. Eu te amo.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da arte de ser patética.

Um mês sem escrever.
Quero dizer, trinta dias sem a capacidade mínima necessária para terminar um texto coerente. Trinta lindos e ensolarados dias em que eu não consigo juntar aquelas tão desejadas palavras pra finalizar o trabalho que me custou apenas algumas horas.
Abro novamente a página do texto, repito em voz baixa ‘só mais algumas palavras, qualquer coisa que faça sentido com o assunto, QUALQUER-COISA’ e nada sai. Faço isso diariamente, sou perseverante.
Queria realmente descobrir o motivo pra tamanha falta de inspiração. Dizem que eu estou vivendo numa bolha, nos últimos tempos. Que não presto atenção em nada, que tenho vivido alheia à vida real. Mas eu não acho que algum dia eu já tenha vivido fora da tal bolha ou que tenha deixado de ser distraída. Psicólogos dizem que essas são só mais algumas das minhas formas de defesa. Segundo eles, eu sou cheia delas. E olha, se eu realmente fosse, não teria metade das cicatrizes que eu tenho. E não falo de cicatrizes físicas.
É, mais um dia sem conseguir escrever, acho que vou voltar a jogar final fantasy, uma vez que já deixei o spoiler de como deverá ser meu 2011  :*