segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A song for sadness.

Quartos de hotel, cinzas pelo chão, garrafas vazias, sujeira. É tudo que te restou.
Você foge, todos os dias, de cidade em cidade. Foge das tuas lembranças, dos teus complexos, você finge que os deixa pra trás. Os deixa em cada cama que te acolhe, em cada ser que perde um tempo contigo. Você substitui os fantasmas do teu passado por novas aventuras passageiras.
Ela nunca te esqueceu, posso te dizer isso com toda certeza.  Ela ainda pensa em você toda a vez que a chuva toca a sua pele. Ela sente o teu cheiro, ela se arrepende de não ter te amado mais, de não ter se entregado mais. Sente a sua falta, se enche de planos pra te encontrar, jeitos infalíveis de ter de volta, completamente passíveis de erro. Se você pudesse tê-la aos teus pés de novo, você voltaria? Você voltaria por ela? Voltaria pelas noites sem luar entre os becos do centro da cidade, pela respiração ofegante dela no escuro do teu antigo quarto?
Eu sei que você ainda se pega lendo aquele papel onde ela escreveu uma porção de palavras, todas sem nexo algum, uma bela porção de porcarias. Porcarias escritas com a letra dela. Porcarias escritas pela única pessoa que um dia te amou. E te amou de verdade.
Você não voltaria. E nem vai voltar. Nem por ela, e nem por ninguém. Você é tudo que te importa.
E ela continua a te esperar...
Aquele momento esquisito em que você nota que decepcionou as pessoas que se importam com você e não as que não se importam.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Relutando em dividir.

Eu nunca tive apoio, entende? Eu nunca tive colo de mãe, nem pai super-herói.
Nem fui acordada com beijos, ou com café-da-manhã pronto na mesa. Aliás, eu nunca sentei numa mesa e conversei horas com os meus pais, eu não tenho intimidade suficiente pra dizer pra minha mãe que, por exemplo, eu estou pegando o gatinho da casa ao lado. Ou pra dizer qualquer outra banalidade da minha vida. Meu pai nem sempre foi legal e divertido, e continua não sendo, as vezes.
Não que eu tenha sido uma criança carente, nem nada assim. Nunca me faltaram video games e bonecas caras, bicicletas e doces de todos os tipos. Presentes, eu sempre tive, com ou sem ocasião. O que faltou, foi a presença dos meus pais, nas reuniões da escola, nas minhas festas de aniversário, nas manhãs de natal. Nunca me faltou dinheiro da mesada, faltou foi interesse em saber no que era gasto todo o dinheiro que eu ganhava. O que se você quer saber, me casou alguns problemas na pré-adolescência. Minha casa nunca foi um lar, nunca foi o lugar para o qual eu gostasse de voltar, nunca foi um lugar que me fizesse querer voltar. Eu nunca tive alguém que me dissesse o que é certo e o que é errado, essas descobertas eu tive que fazer sozinha.
Não é sempre que digo isso, eu não gosto de contar essa história pra qualquer pessoa, eu não suporto que lamentem pela minha infância, e por mim, até hoje. Acreditem, eu fui feliz, não que eu não precisasse disso. É que depois de um tempo, você aprende a conviver com os problemas que não podem ser resolvidos, sabe? Até mesmo uma criança entende esse tipo de coisa, eu entendi.
Eu acho que tu já entendeu porque eu queria te contar essas coisas, pra você deixar de reclamar dos pais que te querem bem, e que estão sempre presentes, que te apontam a direção, e que te dão toda a liberdade pra ser quem você bem entender, que respeitam a tua opinião, e que inclusive a levam sempre em conta. Eu só queria que tu entendesse o quanto é importante que você dê valor a isso.
Faz a diferença, sério. Faz toda a diferença quando você entende.

A arte de ser piegas na mesma época todos os anos.

Acontece que eu preciso te dizer o tamanho da importância que a tua presença faz na minha vida. E bom, tu sabe que eu não sou lá muito boa em fazer isso nas outras épocas do ano, - exceto quando estamos bêbadas, dai tudo fica bem mais fácil –. Não que seja difícil de dizer o que eu sinto por você. Porque não é. É inclusive, bem fácil de te dizer que você foi e ainda é, muitas vezes, tudo que eu tenho. Seja nos metrôs lotados, nos shows com 50 mil pessoas, ou naqueles em que parece que nós constituimos a platéia toda, em mesas de bar, ou nas calçadas em frente à eles, e porra, nas vezes em que dormimos na mesma cama e você fez questão de puxar todo o edredon, haha. E as noites sem dormir, naquelas em que nós dividiamos as origens da nossa personalidade, e aqueles acontecimentos que formaram nosso caráter. Noites essas que dividimos lágrimas também sempre seguidas de gargalhadas, disso tenho certeza.
Dizem que o sentimento de estar em casa, é quando você encontra alguém com quem você se sinta a vontade em todos os momentos, e se é assim, eu estou em casa sempre que te encontro. E isso é tão fácil de dizer, sabe? Eu não tenho medo,  de dizer que porra, Rafaela, você é a minha casa. Você, a minha fucking melhor amiga, a melhor coisa que me aconteceu em 2008. E infelizmente continua me acontecendo todo esse tempo. E seja lá qual for o caminho que nós escolheremos, isso não vai mudar. Ou pra ser mais mais clara, em Brasília ou em São Paulo, o meu copo de cerveja pode ser seu sempre que você quiser.

Feliz aniversário, Rafinha. Que seus 17 anos sejam gentis contigo. Eu te amo.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Da arte de ser patética.

Um mês sem escrever.
Quero dizer, trinta dias sem a capacidade mínima necessária para terminar um texto coerente. Trinta lindos e ensolarados dias em que eu não consigo juntar aquelas tão desejadas palavras pra finalizar o trabalho que me custou apenas algumas horas.
Abro novamente a página do texto, repito em voz baixa ‘só mais algumas palavras, qualquer coisa que faça sentido com o assunto, QUALQUER-COISA’ e nada sai. Faço isso diariamente, sou perseverante.
Queria realmente descobrir o motivo pra tamanha falta de inspiração. Dizem que eu estou vivendo numa bolha, nos últimos tempos. Que não presto atenção em nada, que tenho vivido alheia à vida real. Mas eu não acho que algum dia eu já tenha vivido fora da tal bolha ou que tenha deixado de ser distraída. Psicólogos dizem que essas são só mais algumas das minhas formas de defesa. Segundo eles, eu sou cheia delas. E olha, se eu realmente fosse, não teria metade das cicatrizes que eu tenho. E não falo de cicatrizes físicas.
É, mais um dia sem conseguir escrever, acho que vou voltar a jogar final fantasy, uma vez que já deixei o spoiler de como deverá ser meu 2011  :*