E a cada separação, um pedaço de nossos corações fica. Fica preso naquele último olhar, num adeus sem palavras, fica ali, perdido naquele romance de porta de bar, nesses três minutos de amor sincero e correspondido. Nesse futuro com filhos, casa de praia e cachorro que você acabou de deixar pra trás.
Eu sinto a necessidade de cronometrar, de fotografar, de gravar em mim cada um desses momentos. Eu preciso saber todos os por quais e porquês do fim. É, do fim. Eu preciso me lamentar, eu preciso chorar, eu preciso sentir falta, eu preciso me lembrar de tudo. Eu preciso me lembrar do teu cheiro e de como você arrumava o cabelo entre uma palavra e outra. Preciso me lembrar delas também, das palavras. Do jeito como você as pronuncia e da entonação que a elas atribui. Vou me lembrar dos sentimentos, também, do jeito como você os esconde e os escancara ao mesmo tempo. E de como você se surpreende comigo e com as coisas que eu sou capaz de sentir. Sei que você sente todas elas, eu tenho certeza.
Vou me lembrar do que as pessoas me diziam sobre nós, de como o meu humor aparentemente mudava, ou de como eu dispensava tudo quando sentia saudade dos teus braços. Teimávamos em não admitir qualquer comentário sobre isso, quando você não percebe, as coisas duram mais sem se tornar incômodas. Descobríamos então o segredo pra felicidade.
Me limito a continuar aqui, me referindo ao hoje como ontem, e me perdendo em um passado que ainda é presente. Só porque sei que não temos escapatória, nasceu fadado ao fim, cresceu pra ser lembrança. Toda história de amor é uma cerimônia de adeus.
